Por que vale a pena assistir a série Suits?

Séries em que o tema é advogado, Direito, processo, tribunal, é uma constante na produção cultural americana, país em que vigora a common law, ou seja, o direito consuetudinário, a cultura dos precedentes judiciais.

Desde a metade do século XX já podemos observar clássicos nas telas americanas, como:

  • To Kill a Mockingbird (1962)
  • 12 Angry Men (1957)
  • Anatomy Of A Murder (1959)
  • Inherint the Wind (1960)
  • Witness for the Prosecution (1957)
  • Judgment at Nuremberg (1961)
  • Compulsion (1959)
  • Miracle on 34th Street (1947)

A maioria, senão todos, tratam do Tribunal do Júri, ou seja, Direito Penal. Esta matéria, quer sejamos o freshmen ou o veterano da faculdade, é uma matéria em que acabamos entrando em uma discussão sobre, opinamos, etc., ainda mais na realidade do Brasil em que todos os dias é debatido uma questão a seu respeito.

O que pode nos ensinar tais filmes em que o tema é o Tribunal do Júri? A primeira coisa é a JUSTIÇA. A principal questão desses filmes é buscar a justiça independente das pressões, independente de quão culpado pareça o seu cliente.

Mas pera aí, nós não íamos falar de Suits? O que tem a ver tudo isso?

Bem, Suits é uma série que estreou em 23 de junho de 2011 no canal USA Network, e a sua premissa era: um indivíduo que estava no fundo do poço, usando drogas, trapaceando para os outros a fim de ganhar dinheiro, tem dentro de si um talento que não é explorado para fazer coisas boas.

Quando eu comecei a assistir a primeira vez a primeira coisa que pensei foi:

Talvez essa seja mais uma série clichê de advogado”

Ora, por que tendemos a ver tudo o que concerne ao Direito como clichê, como mais do mesmo, como saturado?

Simplesmente porque o Direito está sendo transformado em mais um meio de produção em massa, como aquilo que se produz nas fábricas e nas indústrias, por isso para nós tudo parece mais do mesmo, perdemos o sentido da arte.

E que é, precisamente essa arte?

É arte de saber o que você faz bem. O Direito é acolhedor para com todos, inclusive para aqueles que querem torná-lo um processo massificado industrial.

E no caso do nosso protagonista Mike Ross ele tem um talento que é dirigido para algo útil, para o crescimento. Quantos de nós não temos algo que sabemos fazer bem que é sub-utilizado?

Apesar da genialidade do protagonista ser maior do que a da maioria de nós, estudantes, advogados, etc., o Mike não tem a mínima noção do que é a responsabilidade, não sabe se impor como autoridade, falta-lhe inúmeras características que se aprenderá com a prática.

Quem assiste a série com esse olhar, buscando em si o amadurecimento, a busca por descobrir aquilo que se faz bem e investir isso na área está aproveitando bastante a série.

Para mim foi isso que fez valer a pena até agora: Mike Ross é exemplo de busca do amadurecimento e do talento.

O antagonismo que o personagem faz com Harvey Specter mostra isso. Este é o lado lustroso, técnico, frio do Direito, aquele que faz de tudo para vencer uma causa, inclusive sendo injusto, ou seja, a série também não deixa de falar daquilo que falam os clássicos: a busca pela justiça.

A grande ironia é que o mesmo não tem diploma, o que acaba sendo uma grande piada com aqueles que adoram ostentar títulos na parede, porém em relação a conteúdo são pobres.

Essa série é uma provocação com todos nós, estudantes e formados, porém quantos se dão conta disso? Harvey e Mike devem ser observados sob o meio termo, entretanto há aqueles que só olham para um, quer seja pela beleza, quer seja pela habilidade.

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